sexta-feira, 15 de maio de 2015

Frida Kahlo – Dor e Arte

Sempre fui muito apaixonado por Frida e sempre que posso faço aquisição de livros ou qualquer outro artefato que a represente. Frida Kahlo, quem nunca ouviu falar desta grande artista? Sua história magnífica de força, determinação e superação, a alma do México. Sua arte cheia de dor, carregada com sua identidade, com sua melancolia e carregada de significados e reflexões.

Urânia Tourinho Peres (Org.); Frida Kahlo – Dor e Arte, EDUFBA.


Neste livro organizado por Urania Tourinho, do colégio de psicanálise da Bahia, lançado pela EDUFBA, traz toda a perspectiva psicanalítica de sua vida e de sua arte. O livro possibilita uma reflexão sobre atitudes de nossa vida, do nosso cotidiano e do nosso corpo. O que é o nosso ser? Um livro que leva as passagens do diário de Kahlo, traz uma analogia de suas obras de arte e de suas frases e explicita como uma mulher tão mutilada e cheia de dores [digo isso relativo a seu corpo, mente, alma e “coração”] conseguiu transgredir e transferir toda sua mutilação para a arte, de forma empírica.
"Frida punha a tristeza no quadro e voltava a sorrir" - "Frida se pintou, se reconstruiu, se recriou, colorindo e retocando sua vida. Frida se fotografou, se fez sujeito" - "Gostamos de ficar doentes porque nos sentimos protegidos".
O livro apresenta uma aparência de que para compreendê-lo é necessário conhecer a psicanálise e a história de Frida, contudo, no primeiro capítulo Urânia faz uma breve descrição, com citações e exemplos tomados do diário de Frida sobre sua história, transformando o livro bastante didático do que aparenta. As páginas grandes e uma linguagem fluida, fornece a possibilidade de uma leitura sem muitas interrupções. Já no segundo capítulo Griselda Pêpe apresenta reflexões sobre o diário de Frida, sobre seu romance, sobre sua vida, suas cartas, obras e de como o amor era a roda de sua vida. Explicando os pontos importantes e no final faz uma comparação com Charles Bukowski e sua obra.
No terceiro capítulo Andrea Araújo forma toda uma perspectiva mais epistemológica, fazendo uma analogia da vida de Frida com a perspectiva analítica de grandes autores como: Lacan, Zizek, Didier-Weill, entre outros. Contrastando os gestos, sua pintura e outras ações de Frida, deixando uma ressalva quando ela diz: “Frida pinta Frida”.
Conhecer toda essa arte e colocar-se dentro da pintura e poder sentir toda a sensibilidade, dor, felicidade faz-se necessário para compreender toda sua trajetória. Nesta perspectiva que Darilda Miranda constrói o quarto capítulo, onde contemplar seu diário, suas cartas, sua vida é participar de um espetáculo. “Frida punha a tristeza no quadro e voltava a sorrir”. Trazendo a ideologia de Freud e Lacan para explicar sob a visão da psicanálise para com suas obras.
No quarto capítulo Regina Sarmento contempla sua obra e observa o comportamento e tenta explicar seu humor, suas emoções, dores, seu sorriso, seu amor. No quinto capítulo, como podemos explicar a dor da morte? O que realmente é a morte? Morte do corpo é pior ou equivalente a morte dos sentimentos? Esses são alguns questionamentos explicitados. “Frida explicitou que o amor mata”. E sobre esta frase ela explica na perspectiva de Lacan – “O amor é uma forma de suicídio”. (LACAN, 1953-54).
No sexto e último capítulo de Suely Aires, ela explica o que é o corpo? O que ele representa para Frida? Qual sua perspectiva sobre o corpo com toda sua mutilação física? Suely faz um encerramento nobre explicando na perspectiva Lacaniana e Freudiana o que significa o corpo para nós e o que Frida cita sobre o nosso copo, que é a representatividade de um “conjunto”, onde esse conjunto quando apresenta uma interrupção, há um vazio.

Um livro muito bem construído, com uma capa sem muito trabalho gráfico, contudo, de aparência séria. Este livro que permite trazer uma reflexão do que realmente foi a vida dela e a sua contribuição para o México como uma heroína, sendo uma heroína da figura do país, de seu povo, de sua cultura e principalmente da identidade deste povo explorado e mutilado.

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