Renato Meirelles , Celso Athayde - Editora Gente |
A união
de duas figuras da sociedade brasileira, Renato Meireles, presidente do Data
popular e especialista de mercado emergente e Celso Athayde, um produtor
cultural, focado nas favelas e periferias, onde juntos fundaram o Data
Favela.
Primeiro
achei a capa e o título bem didático, atraindo logo sua atenção. Bem organizado
e ilustrado, o livro apresenta uma linguagem popular, fluente, sem proporcionar
dificuldades de leitura, feito para todas as classes. Os autores sempre colocam
em pauta os estereótipos que a sociedade possui sobre a favela, sendo retratada
pela mídia como um local sem evolução, com altos níveis de criminalidade, sem
perspectivas de crescimento econômico e criatividade, passando conceitos
prontos, cristalizados.
Abordando
como a classe pobre conseguiu uma boa aquisição financeira com o governo Lula,
focando sempre no maior poder de compra, sempre mostrando como pessoas de baixa
renda conseguiram ter acesso a bens (objetos e serviços) que em outros governos
não teriam essas possibilidades.
"O
choque derivado da mudança está expresso na repulsa de certos setores sociais
pelos pobres que viajam de avião, pelos negros que ingressam na faculdade,
pelas empregadas que conquistam direitos trabalhistas, pelo proletariado que
consegue adquirir um carro ou uma casa melhor" - Essa passagem do livro,
apresentada na introdução por Preto zezé.
Renato e
Celso tentam legitimar como a favela possui um desenvolvimento social e
econômico diferente do que a mídia passa e de como os “favelados” são unidos,
procurando um desenvolvimento coletivo.
O que eu senti
muita falta no livro foi um foco maior no desenvolvimento da educação, onde os
autores trabalham sempre no consumo de bens e serviços, deixando de lado as estatísticas
da melhora na educação básica e/ou superior
(Onde a
burguesia detém o poder ainda – principalmente das universidades públicas).
Poucas
vezes os autores citam a inserção de pobres, negros na universidade pública.
No capítulo
1, os autores mostram como a favela e seus moradores se constituem, de como a
evolução e o aumento no consumo de bens influencia no aumento da expectativa de
vida, na cultura e na economia brasileira, revelando como o pobre realmente tem
importância na economia brasileira, de como uma geladeira pode mudar tudo.
No
capítulo 2, os autores apresentam como a favela se tornou o berço do
empreendedorismo, de sua legitimidade como grande consumidora e produtora de
bens de consumo, mostrando a participação de bancos comunitários (ferramenta
que os autores defendem como ação de grande desenvolvimento local que deveria
ser mais incentivado).
Trabalhando
nesta perspectiva, os autores denunciam a injustiça tanto das instituições
públicas quanto instituições privadas (principalmente bancos), que visam sempre
o lucro exagerado através dos juros absurdos, não havendo um incentivo para os
pequenos comerciantes, para esse povo "favelado".
Em cada
capítulo, os autores abordam a ascensão do povo da favela, explicando como e
exemplificando, apresentando pesquisas (da própria instituição), de como esses
fatores são essenciais para o Brasil e de como o Estado não dá determinada
importância a esse povo.
Um país
chamado favela é um livro maravilhoso, que abre uma visão do que realmente é a
favela e de que o povo da favela não é só formado dos estereótipos que a mídia
produz. Na favela também produz arte, economia e cultura. O livro traz
perspectivas reais, com base em pesquisas, em exemplos do cotidiano de alguns
moradores, abordando sempre a injustiça que o povo sofre. Explica também como
nasceu a favela (de forma injusta), mostra como o “favelado” tem variados gostos
musicais e como ele se separa em gênero e faixa etária (estatisticamente).
Sempre
com base em pesquisas, porcentagens, perspectivas, os autores formam um livro
em uma base antropológica, apresentando os significados, a importância, a
cultura, o desenvolvimento ao longo dos anos e governos, tendo ao mesmo tempo
um livro cientifico, que comprova os fatos por pesquisas que estão disponíveis
a todos.
O livro
traz as realidades vividas pelos brasileiros que moram nas favelas, as
realidades econômicas, sociais, judiciais, entre outras.
Concluindo,
gostei muito do livro, muito didático, uma capa maravilhosa, ilustrações, traz
uma visão econômica da favela positiva (coisa que eu particularmente não tinha),
trazendo uma visão ampla. Recomendo a leitura.
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