quarta-feira, 15 de julho de 2015

Resenha: Teorias da Comunicação

Editora: Vozes
Aut@r: Antônio Hohlfeldt, Luiz C. Martino e Vera Veiga França
Capa: Simplicidade, clareza e objetividade - características do livro - são reproduzidas na capa.
Narrativa: Como defendi acima, leitura extremamente fácil, que leva o leitor a pesquisar, instigando o pensamento, a pesquisa, a curiosidade. Os assuntos teóricos tornam-se prazerosos neste livro organizado por três professores, competentes da área da comunicação.
Visão: Sabe aquele livro completo, que traz de maneira explicítica todas as perspectivas epistemológicas? Teorias da Comunicação, organizados por esses três autores competentes, mostra como o estudo da comunicação "nasceu e desenvolveu-se" e sua legitimidade.
Trarei aqui não só uma resenha como um resumo do livro.
Separado em duas partes:
A primeira  parte explica toda epistemologia e história das teorias, separando-se em capítulos. No primeiro capítulo Luiz questiona das mais diversas maneiras o que é comunicação e quais suas perspectivas teóricas e, dentro desse contexto o autor mostra as mais plurais definições para o que é comunicação com objetivo de problematizar e instigar a curiosidade do leitor. Já no segundo capítulo, Martino traz a problemática da interdisciplinaridade do objeto que é a comunicação. Dentro desta perspectiva, o autor explica os mais diversos motivos desta interdisciplinaridade - " Ora, o processo comunicativo é, e sempre será, um processo essencialmente psicológico, sociológico, político..." (pag 35).

No terceiro capítulo, Vera França traz exepcionalmente os questionamentos da comunicação e de seus objetos, complementando os dois capítulos anteriores, explicando o contexto do estudo da comunicação, seu conhecimento, seu desenvolvimento, conquistas e dificuldades - ressaltando a problemática da interdisciplinaridade. Para finalizar seu aporte teórico, Vera faz um breve resumo da história da comunicação e suas mais variadas vertentes espitêmológicas.
Hohlfeldt constrói o quarto capítulo trazendo suas perspectivas teóricas da comunicação nas civilizações. Quais foram as reais constribuições gregas, romanas, entre outras para a comunicação? Quais foram os pensadores que constribuíram para construção das teorias da comunicação.
O que faz a diferença deste livro de comunicação para qualquer outro - sua organização - onde os autores não expõem somente seu pensamento e sim, o que cada autor contribuiu para chegar aonde estamos, quais foram as perspectivas da época que contribuiu para a evolução deste pensamento, diferenciando-se pela referência bibliográfica no final de cada capítulo - traçando um caminho de estudos - para quem o lê.
Para finalizar a primeira parte, Giovandro Ferreira fala sobre as perspectivas dos meios de comunicação através da sociedade de massa, de como a sociedade evoluiu e como os métodos da mídia para com a sociedade mudou. Dedicando todo um capítulo para explicar a evolução e os aportes teóricos da sociedade de massa.
Parte II
Na primeira parte, quando Carlos Araujo escreve sobre a pesquisa norte-americana, trazendo diversas perspectivas e paradigmas, que foram construídos ao longo de décadas sobre o estudo da comunicação de massa. Explicando sobre as correntes teóricas estadunidenses, o autor fala sobre a semiótica de Pierce, os objetos de estudo, sobre a base dos estudos da comunicação de massa com a teoria de Lasswell e com a teoria de Weaver.

A teoria matemática inaugura os estudos da comunicação, sem estar focado no sociológico. A corrente funcionalista de Lasswell surge na perspectiva de estudo das relações do individuo-sociedade-meios de comunicação. No estrutural, o funcionalismo - o autor explica - que cada parte cumpre seu papel, gerando o todo. Finalizando essas teorias-base de Lasswell, o autor explica as perspectivas de Wright e Lazarsfeld-Merton. Lasswell legitima-se na comunicação devido ao seu modelo explicativo de como funciona a comunicação.
Em todo o capitulo, o autor fala dos estudos da comunicação de massa, onde logo apos ele explica sobre a teoria da informação, que preocupa-se em estudar a eficacia do canal (transmissor). Logo após, o autor traz a primeira e real teoria legitimada pela escola norte-americana,teoria hipodérmica, definida como todo e qualquer individuo recebe a noticia da mesma maneira, sem nenhuma distinção, estimulo x resposta, ficando ancorada na teoria das sociedades de massa, uma sociedade industrial, formalizado por Le Bon e Ortega y Gasset.
Depois de um determinado período a própria escola desconstruiu esse conceito com a teoria empírico-experimental ou teoria da persuasão, que já procura estudar e segmentar seu publico, estudando os efeitos psicológicos intervenientes na comunicação, porém a teoria da persuasão continua a excluir as relações interpessoais. Na constante evolução, surge a teoria dos efeitos limitados, que procura estudar as vertentes psicológicas e sociológicas dos indivíduos. Ainda dentro desta perspectiva, nasce a Teoria da dissonância cognitiva, que explica a natureza do comportamento humano e suas motivações em relação ao mundo por cada individuo.
A próxima teoria definida no capitulo de a do Líder de opinião, um "individuo que, em meio a malha social, influencia outros indivíduos na tomada de decisão" (pag 128). Dentro disso o autor traz o enfoque fenomênico que procura dizer que os meios de comunicação não são os únicos que causam efeitos na sociedade e sim, um conjunto de muitos outros fatores. O estudo dos usos e gratificações trabalhado por Katz, traz o questionamento "o que os meios fazem com as pessoas". Para finalizar o capitulo o autor traz o agenda setting ou teoria dos efeitos a longo prazo, definida como uma ação que muda o conceito de mundo que o individuo possui, determinando uma agenda, ou melhor, a colocação de assuntos e temas na sociedade, aquela conversa do dia ou da semana. 

Ao tratar as questões da escola norte-americana, Francisco Rudiger explica mais sobre a escola de Frankfurt, Alemanha, que foi legitimada com a teoria crítica. O  autor guia seu pensamento para apreensão do conteúdo, abordando a história da escola, sua formação acadêmica, e as perspectivas de cada pensador desta escola, mostrando o base epistêmica de cada. Perguntas de como, onde, quando, por que, entre outras a teoria crítica se legitimou são respondidas sem muitas dificuldades. Tratando de teoria crítica, temos como peça principal Adorno, totalmente contra a industria cultural, radical.
Qual o conceito de cultura? Qual sua epistemologia? Será que os termos utilizados até determinado período foi correto? Para explicar tudo isso e mais um pouco Ana Carolina fala sobre os estudos culturais. Não é correto dizer cultura de massaa, baixa cultura, alta cultura, entre outros termos cunhados ao longo das décadas. A autora também destaca o feminismo, como base principal para a revolução sobre o pensamento e cultura hegemônica.
No quarto capítulo fiquei extremamente confuso de início porém, concentrando-se o assunto flui de maneira adequada. Juremir Silva tem a tarefa de explicar quais as contribuições do pensamento Francês da comunicação para o mundo. MUITO complicado de compreender e apreender o conteúdo, mas com muita leitura e buscar nas referências bibliográficas apresentadas no livro, o conteúdo torna-se de facíl compreensão. Para exemplificar melhor: como explicar diversos pensamentos complexos que não querem dizer nada? Nesta perspectiva que o autor já inicia o capítulo. É como se os pensadores franceses "pegassem" teorias produzidas em outras escolas, analisando-as, adaptavam com novas perspectivas. Os estudos franceses na comunicação é apresentado sem muitas definições, como algo sem legitimidade - aparentimente - apesar de o pensamento Francês ser dúbio e oposto porém, com coesão e verdade. Um resumo de tudo: o autor mostra que o pensamento Francês foi um recorte de outras escolas, adicionando uma perspectiva mais sociológica.
E ai você estuda e estuda essas teorias todas e vem a grande pergunta, o que eu faço com isso tudo nos dias de hoje? Na atual mídia e com esses diversos meios de comunicação, como posso aplicar isso na prática? Partindo desta perspectiva Antônio Hohlfeldt explica tudo isso, como ao falar da mídia e sua influência na agenda da sociedade, por exemplo. "...as noticias são aquilo que os jornalistas definem como tal." (pag 208) Neste capítulo, Antônio concentra mais suas atenções para o jornalismo, falando das ações do mesmo.
Quase NUNCA eu ouço falar de alguma contribuição para uma epistemologia nos livros da américa latina e neste livro, a Christa Berger, retrata a construção das escolas sobre comunicação. O que diferencia este livro dos outros que já li - quando se fala em comunicação na américa latina - ressalta-se logo a teoria da dependência e a autora não se prende nesta perspectiva, pois ela procura explicar o surgimento dos centros de pesquisa, como se legitimou.
Para finalizar com chave de outro, Irene Machado fala de um assunto, que sem ele não existiria escolas da comunicação ou interpretações - afinal, sem ele não teria comunicação - a semiologia de Ferdinand Saussure ou a semiótica de Ch. S. Peirce legitimou a comunicação como significação, interpretação. A autora constrói todo um pensamento, explicando o contexto da semiótica na comunicação, sua contribuição para o campo.
O livro torna-se maravilhoso pela didática utilizada no livro, mostrando os melhores caminhos para a apreensão do conteúdo. Vale muito a pena.

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